Tudo novo. De novo.
Os alunos entram, conversam, falam deles mesmos.
O professor espera o silêncio, como de costume. Em vão.
O caos é repetitivo.
Jovens são iguais em qualquer época, tão egoístas como sempre.
Eu penso em perguntar-lhes sobre as férias, como foram, desisto. Já fiz isso antes e perdi uma dezena de aulas. O barulho é interminável.
Matemática? Primeiro dia de aula? Voltando das férias?
Sinto-me patético.
Às vezes tenho vontade de ignorar tudo. Como muitos fazem, fingem, 'tocam o barco'. A coragem dos cínicos.Mas é difícil após anos de estudos ignorar, fingir que trabalho, que dou aula.
Jamais.
Busco o conteúdo e olho em volta. Vejo jovens bem alimentados, limpos e bem vestidos. Lamento por eles.
As vezes parece que somente George Orwell esta certo: guerra é paz.
Apenas a necessidade nos aguça a curiosidade.
E eles não precisam de nada. O mundo esta pronto e tudo lhes é confortável.
O conhecimento não lhes serve.
É o caos.