Observo a minha sala de aula, uma turma de 6.º Ano, e chego a uma conclusão estarrecedora: é quase impossível
fazer algo por eles.
Não importa o que eu tente, incentive ou elabore nas
aulas. Não há estrutura mínima para que os alunos aprendam algo palpável; não
há material; espaço físico adequado, etc.
Olho outra vez o livro de Matemática, estou no 2º bimestre. O conteúdo está
atrasado. Severamente atrasado. Volto aos alunos e lamento muito por não ter
mais tempo, não ter mais recursos, e saber que o futuro lhes reservará pouco. Verdadeiramente muito pouco.
Numa situação ideal eu teria uma lotação máxima de 20 alunos. Uma sala de
aula ambiente, talvez, e material didático adequado. Equipamentos eletrônicos,
computadores, software, materiais para geometria, jogos, etc.
Que nada.
Mas o que faz falta mesmo é outra coisa: tempo! Como eu queria tê-lo em
abundância para pesquisar novas opções de aulas, estratégias para diagnosticar
as inúmeras defasagens de aprendizado, etc., etc., etc.
Dizem que o bom profissional se vira com o que tem. Mas é bobagem. Sinto
que estou lhe dando com vidas humanas, e com o futuro de cada uma delas. Se
falho, eles provavelmente falharão. Se ignoro, eles provavelmente serão ignorados.
É preciso ser estúpido para não sofrer em meio a tanto caos.
É preciso ser estúpido para não sofrer em meio a tanto caos.