Uma vez um professor me expôs uma teoria radical:
Nenhuma pessoa deveria ser obrigada a estudar além da 5ª série. Simples
assim.
Para ele, a universalização da educação entulhou as salas de aula de
maneira imoral. Incluímos todos na escola, mas esta não cresceu. E
provavelmente jamais crescerá efetivamente.
Observo meus alunos no dia a dia, entre tantos problemas, e percebo com
clareza que o inchaço das classes é aterrorizante. É humanamente impossível oferecer-lhes
o mínimo de conhecimento. As defasagens são inúmeras e o tempo demasiado pouco.
E não falo da quantidade de aulas (pois nas escolas estaduais de São Paulo são
6 semanais, de 50 minutos cada), mas das infinitas demandas que surgem dentro
de tão poucas condições de trabalho.
Em colégios particulares e em algumas escolas da prefeitura de São Paulo
têm-se salas com não mais de 20 alunos. É um começo e tanto! A aula flui
melhor, dá pra tirar dúvidas um a um e parece que o conteúdo discorre melhor
pela classe.
Mas esse parece um sonho distante (o de ter o máximo de 20 alunos).
À época eu perguntei-lhe: “e o que as pessoas fariam da vida, estudando apenas
até a 5.ª série?”. Ele riu-se, e respondeu: “e o que elas fazem hoje com o
ensino médio completo?”
Para ele, os que se interessassem em ir além buscariam os cursos
técnicos e profissionalizantes. Estudariam diretamente por uma profissão.
Parece esdrúxulo para quem observa de fora, mas do lado de dentro, é
angustiante ver centenas de alunos sendo “obrigados” a frequentar a escola por
conta de suas idades. No passado, ele completou, não era assim a escola
pública? Os alunos eram “admitidos” ou não no Ginásio. Na mesma época, aliás,
que tantos dizem que o ensino era melhor. Coincidência?