quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Volta às aulas

       Tudo novo. De novo.



       Os alunos entram, conversam, falam deles mesmos. 
       O professor espera o silêncio, como de costume. Em vão.
       O caos é repetitivo.
       Jovens são iguais em qualquer época, tão egoístas como sempre.
       Eu penso em perguntar-lhes sobre as férias, como foram, desisto. Já fiz isso antes e perdi uma dezena de aulas. O barulho é interminável.
Matemática? Primeiro dia de aula? Voltando das férias?
       Sinto-me patético.
       Às vezes tenho vontade de ignorar tudo. Como muitos fazem, fingem, 'tocam o barco'. A coragem dos cínicos.Mas é difícil após anos de estudos ignorar, fingir que trabalho, que dou aula.
       Jamais. 
       Busco o conteúdo e olho em volta. Vejo jovens bem alimentados, limpos e bem vestidos. Lamento por eles. 
       As vezes parece que somente George Orwell esta certo: guerra é paz. 
       Apenas a necessidade nos aguça a curiosidade. 
       E eles não precisam de nada. O mundo esta pronto e tudo lhes é confortável.        
       O conhecimento não lhes serve.

       É o caos.