Os meus alunos sempre perguntam “para quê serve isso”, “para
quê serve aquilo”, e eu me safo com “bons” exemplos práticos tentando mostrar a
aplicabilidade de um e outro conteúdo. Mas eu sei que isso é bobagem. Tudo isso
é bobagem.
De maneira realista, a Escola não consegue explicar onde e
como cada elemento ensinado é utilizado. Vivemos na Era da Tecnologia e da
Informação e, no entanto, os alunos são obrigados a ficarem sentados numa
cadeira por 4 ou 5 horas (com um pequenino intervalo) passivos e receptivos
apenas das informações que ofertamos.
Não podem usar os Celulares (pelos quais eles são dependentes e apaixonados), o
acesso à internet é restrito às aulas de informática (quando a escola tem
computadores para tal), e qualquer “trabalho” ou “avaliação” que saia do script causa uma tremenda dor de cabeça.
Por essas razões, e por outras 1 milhão mais, estudar não
rima com prazer, com descoberta e com absorção de conhecimentos efetivos. Conhecimentos
que realmente modifiquem a realidade. Uma pena.
Sempre tento dinamizar as aulas que dou, tento tira-los da
sala de aula (apesar do caos e da bagunça de alguns alunos) e indago-me sobre
como fazer essa ou aquela aula ficar mais interessante. É difícil, custa tempo
e dedicação, e o resultado nem sempre é positivo e satisfatório. E esse é o
custo, aliás, de precisar lecionar em duas escolas para complementar a renda no
final do mês (realidade também de muitos colegas professores, médicos e policiais). Uma
pena, parte 2.
Nem as escolas (públicas e privadas), nem os alunos e nem os professores (especialmente estes) estão
preparados para qualquer mudança. Isso é fato. Mas ela é extremamente necessária. Outro fato.
Na teoria, modificar o modo de dar aulas é uma ótima ideia.
Na teoria. Pois na prática, efetivamente, tudo é extenuante e frustrante. Por
isso a maioria (professores e escolas) age feito robôs e lecionam as mesmas
aulas e disciplinas como há 70 anos atrás (vide post “A escola de 1940”). Me tornei professor justamente por causa dos maus professores
que tive, sabia que podia fazer melhor que eles, dizia-me isso o tempo todo,
até que resolvi entrar para a carreira docente.
Mudar é para poucos. É um risco. É gradativo e requer boas
doses de disposição. O caos, por consequência, à espreita nos aguarda para o
bote final.