sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mudança




         Para quê eu ensino Matemática?
         Os meus alunos sempre perguntam “para quê serve isso”, “para quê serve aquilo”, e eu me safo com “bons” exemplos práticos tentando mostrar a aplicabilidade de um e outro conteúdo. Mas eu sei que isso é bobagem. Tudo isso é bobagem.
         De maneira realista, a Escola não consegue explicar onde e como cada elemento ensinado é utilizado. Vivemos na Era da Tecnologia e da Informação e, no entanto, os alunos são obrigados a ficarem sentados numa cadeira por 4 ou 5 horas (com um pequenino intervalo) passivos e receptivos apenas das informações que ofertamos. Não podem usar os Celulares (pelos quais eles são dependentes e apaixonados), o acesso à internet é restrito às aulas de informática (quando a escola tem computadores para tal), e qualquer “trabalho” ou “avaliação” que saia do script causa uma tremenda dor de cabeça.
         Por essas razões, e por outras 1 milhão mais, estudar não rima com prazer, com descoberta e com absorção de conhecimentos efetivos. Conhecimentos que realmente modifiquem a realidade. Uma pena.
        Sempre tento dinamizar as aulas que dou, tento tira-los da sala de aula (apesar do caos e da bagunça de alguns alunos) e indago-me sobre como fazer essa ou aquela aula ficar mais interessante. É difícil, custa tempo e dedicação, e o resultado nem sempre é positivo e satisfatório. E esse é o custo, aliás, de precisar lecionar em duas escolas para complementar a renda no final do mês (realidade também de muitos colegas professores, médicos e policiais). Uma pena, parte 2.
         Nem as escolas (públicas e privadas), nem os alunos e nem os  professores (especialmente estes) estão preparados para qualquer mudança. Isso é fato. Mas ela é extremamente necessária. Outro fato.
         Na teoria, modificar o modo de dar aulas é uma ótima ideia. Na teoria. Pois na prática, efetivamente, tudo é extenuante e frustrante. Por isso a maioria (professores e escolas) age feito robôs e lecionam as mesmas aulas e disciplinas como há 70 anos atrás (vide post “A escola de 1940”). Me tornei professor justamente por causa dos maus professores que tive, sabia que podia fazer melhor que eles, dizia-me isso o tempo todo, até que resolvi entrar para a carreira docente.


         Mudar é para poucos. É um risco. É gradativo e requer boas doses de disposição. O caos, por consequência, à espreita nos aguarda para o bote final.