No mundo, há trabalho para todos. Não se preocupem.
Fiz uma analogia simples na sala de aula: quem ganha mais? Uma moça que trabalha num Banco ou uma moça que trabalha num Posto de gasolina?
A resposta, uníssona: Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
Outra pergunta: quem é mais respeitada pelos homens? A moça
que trabalha num Banco ou a moça que trabalha num Posto?
A resposta, outra vez: Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
Então prossegui:
Quem se veste mais adequadamente? Banco ou Posto? Qual das duas tem o melhor trabalho? Quem é
mais feliz? Quem tem o melhor emprego? E por fim, o meu objetivo maior: qual
das duas estudou mais?
Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
A ideia principal era associar a escola (conhecimento,
educação, boa formação) aos melhores empregos, salários e carreiras. A maioria concordou (principalmente as
meninas) de que trabalhar num Banco era uma escolha mais razoável que num Posto
de gasolina. Ainda assim insisti: o que fazer, então, para trabalhar no Posto de gasolina?
Então todos calaram.
Então todos calaram.
Para trabalhar num Banco, lógico, todos tinham o mesmo discurso pronto de estudar para ser alguém na vida, etc., contudo, não esperavam que perguntasse o inverso: o que fazer para trabalhar
num Posto?
Alguns segundos de suspense.
Então vieram os burburinhos, respostas surgindo aqui e ali, quando alguém finalmente respondeu que bastava não estudar nada.
Alguns riram. Novo silêncio. O aluno tinha razão, todos raciocinaram um instante. Sim, fazia sentido.
Então vieram os burburinhos, respostas surgindo aqui e ali, quando alguém finalmente respondeu que bastava não estudar nada.
Alguns riram. Novo silêncio. O aluno tinha razão, todos raciocinaram um instante. Sim, fazia sentido.
Se para trabalhar num Banco era necessário estudar e
formar-se, o inverso era verdadeiramente lógico: não
precisa estudar.
Eu pedi, então, que os alunos procurassem em volta quem
dentre eles trabalhariam em Bancos e em Postos, sem que fosse preciso citar
nomes. Houve certo constrangimento. Alunos extremamente problemáticos baixaram
a cabeça, fingiram tédio, enquanto outros mais dedicados sorriram largamente. Foi um momento único.
De repente, era como se cada gesto e cada nota fizessem
total sentido. Os que estudavam mais
tinham algo de que se orgulhar, e os outros, entretanto, vislumbravam o mínimo
do mínimo apenas. Era como se os alunos
pudessem sentir na pele (ainda que por fração de segundo) o que o futuro lhes
reservaria vida à frente.
Sim, ainda há salvação. E a educação é a única fuga do caos
total.
(PS: um abração ao pessoal do Posto em que abasteço!)