terça-feira, 17 de setembro de 2013

Banco ou Posto?

No mundo, há trabalho para todos. Não se preocupem.

             Fiz uma analogia simples na sala de aula: quem ganha mais? Uma moça que trabalha num Banco ou uma moça que trabalha num Posto de gasolina?
            A resposta, uníssona: Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
            Outra pergunta: quem é mais respeitada pelos homens? A moça que trabalha num Banco ou a moça que trabalha num Posto?
            A resposta, outra vez: Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
            Então prossegui:
            Quem se veste mais adequadamente? Banco ou Posto?  Qual das duas tem o melhor trabalho? Quem é mais feliz? Quem tem o melhor emprego? E por fim, o meu objetivo maior: qual das duas estudou mais?
            Baaaaaaannnnnnnncooooooo!
            A ideia principal era associar a escola (conhecimento, educação, boa formação) aos melhores empregos, salários e carreiras. A maioria concordou (principalmente as meninas) de que trabalhar num Banco era uma escolha mais razoável que num Posto de gasolina. Ainda assim insisti: o que fazer, então, para trabalhar no Posto de gasolina?
            Então todos calaram.
            Para trabalhar num Banco, lógico, todos tinham o mesmo discurso pronto de estudar para ser alguém na vida, etc., contudo, não esperavam que perguntasse o inverso: o que fazer para trabalhar num Posto?
            Alguns segundos de suspense. 
            Então vieram os burburinhos, respostas surgindo aqui e ali, quando alguém finalmente respondeu que bastava não estudar nada
            Alguns riram. Novo silêncio. O aluno tinha razão, todos raciocinaram um instante. Sim, fazia sentido.
            Se para trabalhar num Banco era necessário estudar e formar-se, o inverso era verdadeiramente lógico: não precisa estudar.
            Eu pedi, então, que os alunos procurassem em volta quem dentre eles trabalhariam em Bancos e em Postos, sem que fosse preciso citar nomes. Houve certo constrangimento. Alunos extremamente problemáticos baixaram a cabeça, fingiram tédio, enquanto outros mais dedicados sorriram largamente.             Foi um momento único.
          De repente, era como se cada gesto e cada nota fizessem total sentido.  Os que estudavam mais tinham algo de que se orgulhar, e os outros, entretanto, vislumbravam o mínimo do mínimo apenas.  Era como se os alunos pudessem sentir na pele (ainda que por fração de segundo) o que o futuro lhes reservaria vida à frente.
            Sim, ainda há salvação. E a educação é a única fuga do caos total.



(PS: um abração ao pessoal do Posto em que abasteço!)