sexta-feira, 4 de abril de 2014

Salário

Semana de pagamento
Parece mesmo uma piada esquisita e sem graça.



               Simples assim: eu ganho pouco
               Na verdade eu ganho muito pouco.
                Que se dane a média brasileira, o trabalhador médio não qualificado, o boia fria e os deputados federais. Eu ganho pouco. Mal dá para pagar as contas [e às vezes nem isso].
                Minha profissão é lecionar, ensinar e promover conhecimento de exatas, de habilidades matemáticas, e toda a minha rotina resume-se facilmente em atender expectativas outrem: da escola, do Estado, da família e da sociedade em geral. 
               Não apenas dou aula. Tenho que planejá-las, organizar-me para alunos com problemas de aprendizagem, outros tantos desinteressados, além de imaginar uma série inacreditável de "maneiras" interessantes de lecionar o que sei. 
               E, ainda assim. Ganho tanto quanto um pedreiro bem empregado [meu pai é pedreiro, sei do que estou falando].
                Não almejo casa na praia ou carro zero todos os anos [nunca fizeram minha cabeça]. Quero sobreviver decentemente. Quero pagar todas as contas básicas e de subsistência no final de cada mês sem a paúra rotineira. Quero o direito de um presente ao filho no seu aniversário [algo cada vez mais raro], e descansar em paz sem tantas pressões e expectativas. 
                O que essas mães e pais querem? Que transformemos seus filhos [todos preguiçosos e bem alimentados] em gênios instantâneos? Esqueçam... 
                 Guerra é paz. E nenhuma grande descoberta "surge" em tempos de fartura. 
                 É isso. É caos.