quarta-feira, 16 de abril de 2014

Absurdos

Especialistas X, Y e Z afirmam o que você não sabe, o que ninguém sabe, e o que nem eles mesmos sabem.



                Leio com bastante frequência críticas, ensaios, colunas ou simples comentários relacionados a educação brasileira. E sempre me choca o quanto determinados profissionais e especialistas estão descolados da realidade, o quão distante vivem estas pessoas do mundo corriqueiro e triste com qual compartilho, e como suas opiniões influenciam pouco [muito pouco] na prática diária em salas de aula da periferia.
                Busco e fuço artigos que me sirvam de referência, um norte, mas tudo isso agora me parece bobagem agora. Com o passar do tempo certas notícias têm cada vez menos apelo, coerência ou resistência no meu dia a dia. "Os alunos não querem estudar!" "São todos um bando de preguiçosos!" "A escola não muda, os pais não participam, professores mostram-se cada dia mais lenientes!" Essas reclamações já não me comovem mais. Imagine buscar um projeto, uma ideia qualquer que tenha dado certo em algum lugar, em alguma escola... e ainda tanto impossível.
                As ideias que tenho e tive foram incursões repentinas, improvisos e arroubos. Nada mais que produto de incertezas e muito cansaço, de muitas decepções também. Tive uma ideia, por exemplo, de uma sala inteira "comprar" os seus trabalhos de Matemática de outra sala de série superior. A ideia era avaliar os que "vendem" bons trabalhos, e os que sabem como "comprar" também. Para os que compram, a nota será embasada na qualidade do "produto". Para os que vendem, lógico, a ideia era avaliar a capacidade ganhar mais e mais "dinheiro" [elaborado, "fabricado" e criado por mim]. Além, é claro, de observar a capacidade individual de marketing, publicidade, gestão, negócios, compra, venda e a responsabilidade necessária com cada cliente...
               O trabalho, devo dizer, alcançou os objetivos por mim traçados. Mas é pouco, confesso. Tudo ainda esta descolado da realidade [como as críticas e avaliações dos ditos "especialistas"], descolado das verdadeiras necessidades do nosso mundo. Sinto-me perdido. Se eu experimentar não ensinar as equações de 2.º grau, por exemplo, para ensinar técnicas práticas de finanças e juros, é possível que a minha fama percorra os ouvidos dos pais, e o meu emprego esteja ameaçado... 
                É simples. É caos.