quarta-feira, 23 de abril de 2014

Senna

Quantos ídolos temos?

Quem são os nossos ídolos?


               Em poucos dias completará 20 anos da morte do piloto brasileiro Ayrton Senna. Eu tinha 14 anos de idade naquele domingo, assistindo à corrida, atordoado com a notícia arrasadora de seu desaparecimento...
               Pergunto aos alunos repentinamente: quem foi Ayrton Senna? Levam alguns segundos até compreenderem a pergunta [pois a aula é de Matemática, aliás]. Uns mais atentos dizem isso e aquilo, é "um piloto", um "piloto de fórmula 1, eu acho", entre outras coisas. Mas as referências e respostas terminam por aí.
               Ayrton Senna teve um impacto profundo sobre a minha geração. Representava o Brasil que dava certo, umas poucas partes do Brasil que dava certo...
              Hoje, a maioria dos jovens e adolescentes não faz ideia do que era o país naquela época. Do quanto a auto estima e os problemas sociais rebaixavam qualquer encorajamento, crença nacional ou sentimento de patriotismo. Senna era justamente o inverso. Era a vitória e ascensão de uma nação acostumada ao fracasso. 
             Éramos o "país do futebol" e até aquele dia não ganhávamos uma copa do mundo há 24 anos. Passamos mais de duas décadas sob regime ditatorial e, na primeira eleição direta para presidente, elegemos um corrupto que foi derrubado do poder à força. Senna era nosso último refúgio. O único refúgio.
             Hoje, às vésperas de uma nova copa do mundo, é possível que algumas homenagens e documentários relembrem a carreira e a trajetória do ídolo. Contudo, me pergunto se isso faz sentido agora. Se fará diferença alguma saber quem foi e o que fez, ou se a sua importância estará mesmo resignada às "comemorações" mínimas por datas. 
            Para mim, a recordação ainda emociona muito. As corridas, os títulos e cada ultrapassagem. Eu vivi aquilo como um alucinado.
            Vinte anos. Nunca pensei que diria isso, mas parece que foi ontem.