quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Estúpido!

Cala a boca estúpido!

#Parte3


             Enquanto um grupo restrito de profissionais qualificados é responsável pela criação, fabricação e propagação de um smartphone [para dar um exemplo físico] uma gigantesca quantidade de pessoas consomem avidamente esse produto, sem necessariamente compreender cada um desses estágios de produção e desenvolvimento. 
         Outro exemplo: enquanto alguns estudantes universitários [boa parte americanos e chineses] desenvolvem aplicativos para esses aparelhos, uma multidão replica o seu uso à exaustão enchendo os bolsos dessa minoria. Sempre foi assim. E assim sempre será. Uma minoria dita as regras, não adianta "lutar" contra.
             A negligência do Estado, da família e da sociedade organizada acerca dos problemas da escola pública, não são nem de longe o nosso problema. Os professores estão lá, dentro da escola, todos os dias. Eles querem produzir, realizar novas ideias e inúmeros projetos [ao contrário do que muitos pensam], trabalhos acerca das ciências, das línguas e das artes. Entretanto, onde esbarramos? Onde a porta emperra?
                Eu respondo: na profunda má vontade dos alunos.
        Parece um contra senso brutal, mas a realidade mais dura que enfrentamos não é contra o sistema, como muitos gostam de apregoar. A resistência de jovens e adolescentes para com a atividade escolar é quase surreal. Já inventou-se de tudo: peças de teatro, vídeo aula para postagem na internet, pesquisa de campo das mais variadas, eleições escolares onde alunos são eleitores e também candidatos, mas isso tudo é pouco. Na verdade é quase nada. Os bons frutos que ainda conseguimos colher vêm de uma minoria tão pequena, mas tão pequenina, que não servem como um demonstrativo válido acerca do aprendizado desses alunos.
                Os "bons" alunos de sempre, exatamente 3 em cada 10, são os que carregam tudo nas costas. Eu pessoalmente enfatizo bastante os poucos êxitos, divulgo em grupos de rede social e procuro exaltar cada trabalho, cada "vitória", para animar a maioria sedentária e desinteressada [o que de repente faz parecer que o projeto foi muito maior, mas não foi]. 
             Leio, incessante, "especialistas" em jornais e revistas de grande circulação ou mesmo na TV, dizerem da necessidade da escola "tornar-se" mais interessante, atraente e, por isso mesmo, mais produtiva. Mas como? 
              Essa barreira parece às vezes intransponível. Estudar requer, em algum momento, por mais que a escola seja "aberta" e "acolhedora", um gesto de boa vontade, uma atitude e o intenso compromisso de aprender do próprio aluno! E eu vejo isso nas escolas? Sinceramente não...
              O caso é que, já dentro de uma sala de aula, e possível observar os fenômenos sociais que venho atacando nessa série "Estúpido!": que a minoria faz a diferença, é a minoria que produz [efetivamente] o avanço, e é ela quem permite que toda uma legião de preguiçosos sanguessugas usufruam de um bem estar generalizado. Sempre foi assim. E assim sempre será.

                  Continua no próximo post!