segunda-feira, 1 de junho de 2015

Luiz Carlos de Menezes

Resposta à reportagem

"Se as famílias se omitem, a escola precisa agir"
                                 Luiz Carlos de Menezes: físico e educador da USP

     Numa coluna na revista Nova Escola, o educador tratava sobre a responsabilidade da escola em solucionar problemas de alunos indisciplinados, mesmo quando a família se torna totalmente omissa.


           A minha resposta, por e-mail, segue descrita tal qual foi enviada:



Caro educador Luiz Carlos,

apreciei suas observações na Revista Escola [edição 245], de 2011, sob o título "se as famílias se omitem, a escola precisa agir"...

Li essa revista essa semana [mesmo passados tantos anos da edição], porém, o tema é e infelizmente será sempre atual. Concordo que a escola pode interferir e agir positivamente para resolver evidentes omissões familiares. Contudo, como professor tanto da rede pública quanto da particular, penso que nenhum profissional hoje dispõe de algo extremamente valioso para tanto: tempo.

Numa aula de 50 minutos [no colégio particular são apenas 45] é por vezes inviável conseguir acalmar a todos, organizar fileiras, mesas, alunos, lousa, repassar conteúdos, corrigir cadernos, tirar dúvidas, repassar conteúdos novamente e, ainda, auxiliar estudantes com problemas familiares e/ou indisciplinados que atrapalham e muito o decorrer da aula. 

Agora multipliquemos esses rápidos 50 minutos e todo o amontoado de tarefas por seis, às vezes oito aulas por dia numa escola, e em seguida por mais cinco, seis ou mais oito aulas numa outra instituição.... Deu pra entender, né? Pois bem. Acredito na profissão e nos profissionais, contudo, penso que todo o modelo esta errado. Todo ele.  

Se assim não o fosse, teríamos maiores e melhores ferramentas.
Hoje, em escola da periferia de São Paulo, capital, [a maior metrópole da América Latina] disponho apenas de giz, lousa e alguns colegas já muito cansados.

Do outro lado, ao contrário, temos muita cobrança do Estado, das famílias, da opinião pública e de pseudos especialistas [cujos os pés nunca pisaram em escolas públicas, aliás]. Posso juntar a isso tudo muito vandalismo, agressões verbais diárias e diversos casos de agressões físicas a professores. Parabéns [ainda que tardiamente] pela inciativa da discussão e reflexão. 

Um forte abraço.


Luciano  S. Santos
Professor de Matemática